o gesto que me imaginou como
centelha ardente a esgotar-se na imensidao das coisas, as coisas com água, os
telhados de gotas a cair, as paisagens desenhadas pelas pálpebras
viverá constante no meu silencio e
dizer-lhe que nao o esqueci, que o rebolico em redor do meu coracao é um líquido
de proporcoes indiziveis, a falésia a povoar esse espaco se alimenta nas
memorias demasiado felizes, sobretudo nos gestos irreflectidos, na
sobrevivencia da minha humanidade como despir sombras e sentir a proximidade
dos seus reflexos, opacos, densos, impenetraveis. O rio de caudal reescrito, sonhar
em poemas o beijo do firmamento, sem o destruir, pois o sentimento a respirar
na interseccao das árvores, das pessoas a falarem ao longe, a fugacidade do som
que sobeja na célere aparicao do silencio, o escombro residente no fundo de uma
palavra, tudo isto no simbolismo da solidao...
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